domingo, 14 de março de 2010

As vezes no silêncio da noite...

Sentimento estranho...
Quando se é "multidão", estar sozinha pode ser um transtorno...
A solidão é uma oportunidade única para se encontrar, se perceber, se ouvir, olhar para dentro, olhar para si. E isso ainda é complicado... perceber todos os medos, angústias, mudanças que se fazem necessárias mas que a covardia ainda atrapalha.
Difícil ouvir os fantasmas e perceber que eles ainda estão ali dentro, guardados, esperando o momento certo para lembrar que existem.
Quando bate a solidão, as lágrimas são inevitáveis, pois o corpo já está tão cheio que, para não explodir, transborda.
Por que essa angústia? Esse aperto no peito? Esse medo de tentar?
Talvez pq mudar gere consequências e só nós somos responsáveis por elas. Não podemos apontar o dedo e culpar outrem... não podemos ignorar e fingir que não é conosco... mudar é sempre chocante. É sempre intenso. É sempre doloroso. Mudar é sempre pedir mais da gente, é admitir que tudo que sempre dissemos que somos não é verdade. É deixar as máscaras caírem.
Por que fazer da mudança algo ruim? Por que não aceitá-la como melhoria?
Não é fácil... não é só querer... trata-se de algo mais... é querer e ter coragem, é querer e dar a cara a tapa, é querer e assumir os riscos, é querer e enfrentar... Será que estou pronta?
Sei que não deve ser fácil ser você. Desculpe, mas no momento estou me concentrando em ser eu.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Ser criança

Ser criança é achar que o mundo é feito de fantasias, sorrisos e brincadeiras.
Ser criança é comer algodão doce e se lambuzar.
Ser criança é acreditar num mundo cor de rosa, cheio de pipocas.
É ser inesquecivelmente feliz com muito pouco.
É se tornar gigante diante de gigantescos pequenos obstáculos.
Ser criança é fazer amigos antes mesmo de saber o nome deles.
É conseguir perdoar muito mais fácil do que brigar.
Ser criança é ter o dia mais feliz da vida, todos os dias.
É acreditar no momento presente com tudo o que oferece, é aceitar o novo e desejar o máximo.
Ser criança é chorar sem saber porque.
Ser criança é estar em constante estágio de aprendizado, é querer buscar e descobrir verdades sem a armadura da dúvida.
Ser criança é olhar e não ver o perigo.
Ser criança é ter um riso franco esparramado pelo rosto, mesmo em dia de chuva, é adorar deitar na grama, ver figuras nas nuvens e criar histórias.
Ser criança é acreditar, esperar, confiar.
E é ter coragem de não ter medo.
Ser criança é querer ser feliz.
Ser criança é saber embrulhar desapontamentos e abrir caixinhas de surpresas.
Ser criança é ter sempre uma pergunta na ponta da língua e querer muito todas as respostas.
Ser criança é errar e não assumir o erro.
Ser criança é habitar no país da fantasia, viver rodeado de personagens imaginários, gostar de quem olha no olho e fala baixo.
Ser criança é pedir com os olhos.
Ser criança é gostar de sentar na janela e detestar a hora de ir para a cama.
Ser criança é cantar fora do tom e dar risadas se alguém corrige.
Ser criança é ser capaz de perdoar e anestesiar a dor com uma dose de sabedoria genuína e peculiar.
Ser criança é acreditar que tudo é possível.
Ser criança é gostar da brincadeira, do sonho, do impossível.
Criança é saber nada e poder tudo.
Ser criança é detestar relógios e compromissos.
É ter pouca paciência e muita pressa.
E ser criança é, também, ser o adulto que nunca esqueceu da criança que foi um dia.
O adulto que consegue se reencontrar com a criança que ainda vive no seu íntimo e mais precioso território.
Aquele pedaço que justifica todos os percalços e que dignifica todos os tropeços.
A ingenuidade restaurada no dia-a-dia e que o transforma em herói ao reler as histórias de sua própria vida, narradas pela criança que o abraça, nas entrelinhas de um tempo que permanece imutável porque sagrado.
Ser criança é o que a gente nunca deveria deixar de ser.