terça-feira, 5 de abril de 2016

Quando falta o ar...

Sabe quando vc chora tanto, mas tanto que falta o ar pra voltar a respirar? Parece loucura, mas quando as coisas apertam, quando o corpo cansa, quando tudo parece não fazer mais sentido, volto a ter nove anos... e como numa brincadeira de Peter Pan fecho os olhos e finjo que não cresci... seria ótimo se resolvesse. Fico me perguntando como é cuidar de alguém se sinto que não posso cuidar nem de mim... ninguém nem imagina, mas dentro desse enorme escudo de "mulher maravilha" tem uma criança indefesa que não queria nunca ter sido despertada de seu sonho... que não queria ter sido arrancada de seu mundo de fantasia, onde todo mundo era feliz... nunca vou esquecer daquele quarto, de onde estava sentada quando ouvi a pior notícia da minha vida. Não era festa, todas aquelas pessoas em casa... não era festa. E hoje de novo eu quis arrancar o nome daquele homem do escaninho da faculdade pq não é justo ele estar lá e meu pai não. No fundo, no fundo tem todo aquele bla bla bla de "era a hora dele", "ninguém morre de véspera", "a morte só precisa de um motivo"... mas o fato é que já se passaram quase 22 anos e eu ainda me sinto presa, como se a partir daquele minuto no quarto não quisesse mais que nada evoluísse. O relógio podia parar no tempo... mas ele não parou. Tudo segue como se nada tivesse acontecido. Mas a verdade é que eu não consigo existir em um mundo em que meu pai não existe... e isso não muda nunca. Essa sensação de vazio é eterna. Esse "não saber" me mata, me sufoca todos os dias. Não saber como seria se ele estivesse aqui, não saber o que seria diferente na minha vida... e eu trocaria tudo, como eu trocaria, pra ter ele de volta. Não, não sou forte. Me faço de forte, me faço de valente, mas no fundo só sobraram pedaçinhos que o tempo não consegue juntar. "Teve um acidente com papai e ele não resistiu...". É, acho que eu tb não.